Cuidadores de idosos estão sujeitos ao adoecimento mental

Publicado em Cursos, Educação permanente, Informes, Notícias - 4 de Março de 2020

Um recurso para proteção da saúde de quem cuida são as capacitações gratuitas que visam reduzir os riscos e melhorar as condições dessas pessoas

 

*Alexandre Bueno

Foto: Banco de Imagem Unsplash

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o número de idosos que necessitam de cuidados especiais nas Américas irá triplicar nas próximas três décadas. No Brasil, esses cuidados, muitas vezes, são ministrados por familiares sem nenhum tipo de treinamento formal, o que pode resultar em precariedade no trato com o idoso e em complicações de saúde para o próprio cuidador. Por isso, ser capacitado é fundamental como uma proteção da saúde de quem recebe e de quem oferece o cuidado.

“Como muitas famílias não têm condições de arcar com um cuidador profissional, às vezes o idoso acaba recebendo atenção de um filho ou cônjuge, por exemplo”, comenta a médica geriatra e professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Maria Aparecida Camargos. Esse cuidado sem treinamento, de acordo com a especialista, pode gerar estresse físico e mental, principalmente quando se considera a proximidade emocional com o idoso.

Alterações no sono, ansiedade, quadros depressivos e anedonia ─ perda da capacidade de sentir prazer ─ são alguns dos efeitos possíveis desse estresse gerado pela dificuldade emocional em lidar com o quadro de saúde do idoso. Por isso, para Maria Camargos, é necessário que o cuidador, principalmente se for familiar, atente-se a sua saúde mental para evitar adoecimentos.


“O cuidador precisa ter uma vida ativa. É importante que procure centros de convivência pública, para que possa tirar um tempo para si mesmo. Não deve deixar sua vida pessoal de lado, pois isso pode gerar sério adoecimento mental”
Maria Aparecida Camargos


A falta de treinamento também pode gerar complicações físicas, como dores ou problemas musculares causados pela movimentação inadequada do idoso. Então, Maria Camargos orienta que cuidadores familiares procurem formas de capacitação. “O treinamento profissional ajuda a compreender melhor os processos do idoso”, afirma.

As capacitações auxiliam com técnicas para movimentar o idoso de forma que não gere lesões, por exemplo. “O cuidador também aprende como melhor ajudar durante os momentos de alimentação, de forma que o idoso não tenha um engasgo ou sofra uma aspiração”, comenta.

Cursos de aperfeiçoamento

O Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina da UFMG oferta, gratuitamente, o curso de aperfeiçoamento Cuidado Paliativo em Atenção Domiciliar. O curso aborda aspectos do cuidado paliativo no atendimento domiciliar a crianças, adolescentes, adultos e idosos, além do trabalho em equipe multiprofissional, avaliação pessoal e elegibilidade para cuidados paliativos.

Além dos cuidadores, o aperfeiçoamento é indicado a outros profissionais da saúde, como médicos, assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos. O curso segue a metodologia online autoinstrucional, isto é, sem a mediação de tutores ou professores.

Para conhecer todos os cursos ofertados pelo Nescon, acesse https://www.nescon.medicina.ufmg.br/cursos/.

Curso a distância

Uma das oportunidades de capacitação, inclusive gratuita, é o curso Fundamentos do Cuidado com o Idoso Frágil: Programa Cuidador de Idosos, idealizado pelo Hospital das Clínicas da UFMG (HC-UFMG) e ministrado pela Faculdade Unimed. As vídeo-aulas gravadas no HC abordam temáticas médicas, psicológicas e sociais do trato ao idoso frágil. O programa tem duração de 60 horas e é dividido em 16 unidades ministradas na modalidade ensino à distância.

De acordo com a geriatra Maria Aparecida Camargos, o curso é direcionado tanto a profissionais em busca de especialização ou atualização quanto a familiares que se encontrem em situação de cuidadores. “É uma forma de capacitar pessoas que tenham dificuldades em realizar o treinamento pessoalmente ou que são cuidadores familiares, que não têm nenhum tipo de capacitação profissional”, afirma.

Ela explica que além de proporcionar maior compreensão ao cuidador, o curso também permite lidar com o idoso de forma mais segura, tanto para o cuidador quanto para o paciente.

Para se matricular gratuitamente ou saber mais informações sobre o curso, clique aqui.

Solução digital

Outra alternativa que pode auxiliar no cuidado de idosos é o pacote Integrated Care for Older People (Icope), da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Icope é direcionado a profissionais de saúde e assistência social que atuam no cuidado de idosos, ofertando orientações para situações como declínio cognitivo, limitações de mobilidade e sintomas depressivos.

O pacote ainda conta com um aplicativo, o Icope Handbook App, que oferece uma navegação passo a passo e interativa do guia, desde o diagnóstico até a criação de um plano de cuidados personalizado. Atualmente, o Icope está disponível apenas em inglês, com a previsão de traduções para outros idiomas no ano de 2020.

 

Para saber mais e baixar os diferentes recursos do pacote Icope, clique aqui.


*Alexandre Bueno ─ estagiário de Jornalismo
Edição: Deborah Castro