Atenção primária deve solucionar maioria dos problemas de saúde

Publicado em Notícias - 30 de novembro de 2015

Na semana do Dia Nacional do Médico de Família e Comunidade, programa de rádio apresenta estratégias e profissionais envolvidos na atenção básica

ImpressãoA atenção primária à saúde, ou atenção básica, é considerada a porta de entrada do indivíduo no sistema de saúde. Nela, são desenvolvidas estratégias de atendimento que buscam promover qualidade de vida e cuidados preventivos, de acordo com o grau de vulnerabilidade de cada população. Quando bem aplicado, esse conjunto de ações é capaz de solucionar cerca de 80% dos problemas de saúde.

É o que afirma o vice-diretor do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da UFMG (Nescon/UFMG), Edison Corrêa. “Eu trabalho com um território, uma população, no sentido de dar qualidade para a saúde das pessoas. Para isso, deve-se levar em conta os riscos dos estilos de cada família, pois a equipe não está ali para combater a doença, e sim para promover a saúde”.

No Sistema Único de Saúde (SUS), a atenção primária é colocada em prática por meio da Estratégia Saúde da Família, desenvolvida em 1994 pelo Ministério da Saúde. O projeto conta com equipes multiprofissionais, que incluem, por exemplo, médicos de família e comunidade, enfermeiros e agentes comunitários. Para que as ações sejam bem-sucedidas, é necessário que as unidades de saúde estabeleçam uma relação próxima com a comunidade.

Essa ligação pode ser feita pelo agente comunitário de saúde através das visitas domiciliares, quando são levadas informações às famílias e coletados os dados de cada indivíduo para a unidade de saúde. Assim, a equipe de Estratégia Saúde da Família passa a conhecer os principais obstáculos da população que ela atende, antes mesmo do usuário comparecer à unidade. “É necessário conhecer os problemas que a comunidade está tendo, discutir e buscar soluções dentro da atenção básica. Desta forma, o nosso índice de recuperação e sucesso na atenção básica vai ser maior do que 80%”, ressalta Edison Corrêa.

A troca de informações entre a comunidade e a unidade básica de saúde reflete diretamente na qualidade do atendimento, já que a população local passa a entender esse processo e a importância da prevenção. Isso, além de influenciar na forma das pessoas procurarem as unidades, uma vez que elas tendem a fazer o controle da saúde e evitam aparecer somente em casos de emergência, ajuda a diminuir a demanda de atendimento e o tempo de espera nas unidades.

Capacitação de novos profissionais

Um dos desafios enfrentados pela atenção primária é a quantidade de equipes de Estratégia Saúde da Família distribuídas pelo país. Apesar dos objetivos de crescimento e aprimoramento do sistema, Corrêa aponta a existência de locais carentes de profissionais especializados. Alguns municípios com cerca de 10 mil habitantes contam com apenas uma equipe, sendo que o recomendado é que cada equipe seja responsável por 3 mil pessoas, em média.

“De uma maneira geral, nós temos uma cobertura grande, mas ainda existem muitos buracos. Por isso, precisamos buscar outras alternativas, como o programa Mais Médicos e o Programa de Valorização da Atenção Básica”, destaca. Os profissionais desses programas, além de fazerem o atendimento nas unidades de saúde, devem realizar um curso de especialização centrado na atenção primária.

Além disso, desde 2013 o Governo Federal vem adotando medidas para incentivar a formação dos médicos de família e comunidade. Neste ano, 75% das novas vagas de residência médica no país foram destinadas à ampliação do número desses especialistas. Nos dias 18 e 19 de novembro, a Faculdade de Medicina da UFMG recebeu o 1° Simpósio Internacional Formação em Medicina de Família e Comunidade. A troca de exemplos e experiências serviu para preparar a criação de um Departamento de Medicina de Família e Comunidade na universidade.

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Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência apresenta a série “Medicina de Família e Comunidade” entre os dias 30 de novembro e 4 de dezembro. Você pode acompanhá-la no siteou de segunda a sexta-feira às 5h, 8h e 18h, na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.

O programa, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ele também é veiculado em outras 175 emissoras de rádio, que estão inseridas nas macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.