Reunião Geral do Nescon apresenta resultados e perspectivas para o futuro

Publicado em Notícias - 15 de setembro de 2017

Programação do encontro incluiu palestra com professor do Departamento de Ciência da Computação da UFMG sobre avanços tecnológicos e seus impactos sociais nas próximas décadas

 

 

Relatórios, iniciativas e discussões marcaram a reunião do Conselho Diretor do Nescon realizada na manhã desta sexta-feira, 15 de setembro. Na ocasião, estiveram presentes integrantes do conselho diretor, gestores e colaboradores do Núcleo.

Abrindo o encontro, o diretor Francisco Campos destacou alguns problemas enfrentados pela instituição, como a redução da entrada de recursos e seus impactos nos planos da instituição para 2018.

O segundo a tomar a palavra foi vice-diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, Humberto José Alves. Em sua fala, o dirigente disse que, apesar das adversidades enfrentadas pela educação superior e pela saúde coletiva no Brasil atualmente, está otimista quanto aos rumos da Universidade . “É um momento muito difícil, mas temos que deixar o pessimismo. Eu tenho confiança nesse Núcleo e no trabalho de extrema importância exercido por ele”, afirmou.

Coube ao coordenador acadêmico do Nescon e professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS) da Faculdade de Medicina da UFMG, Raphael Aguiar, a apresentação de dados e resultados do trabalho desenvolvido no Nescon em 2016 e parte de 2017 – conteúdo do relatório técnico anualmente produzido no núcleo.

Com 139 colaboradores, entre membros associados, profissionais do corpo técnico-científico e estudantes de graduação e pós-graduação, o Nescon desenvolveu 17 grandes projetos ao longo de 2016. Além disso, ofertou 9 cursos de aperfeiçoamento, um de especialização (todos a distância), o que resultou da qualificação de 7428 pessoas.

Palestra

Na parte da tarde, a programação do encontro seguiu com uma palestra proferida pelo professor do Departamento de Ciência da Computação da UFMG José Nagib Cotrim. Durante cerca de uma hora, ele falou aos participantes sobre os impactos sociais de avanços tecnológicos como a inteligência artificial nas próximas três décadas.

Para Nagib, a sociedade passa por uma nova revolução cuja protagonista é a inteligência artificial – algo que já está presente na atualidade em jogos de videogame, corretores automáticos de celulares ou na robótica, por exemplo. Muito em breve, porém, ela permeará o cotidiano das pessoas como nunca. “Essas mudanças transformarão a sociedade de maneira ainda indeterminada. Há os cenários otimistas e os catastróficos. Estes últimos incluem a extinção da espécie Homo sapiens e o surgimento de uma nova”, comenta Nagib.

Segundo o professor, a era da inteligência artificial está bem mais próxima do que se imagina. Seus efeitos serão sentidos em questão de décadas. “Os países que não investirem em ciência, tecnologia e inovação, muito provavelmente, em pouco tempo estarão muito mais distantes dos países desenvolvidos, considerados os de primeiro mundo. Se a desigualdade hoje já é muito grande, sem esse investimento será muito maior”, enfatiza Nagib, destacando também o grau de dependência que, já nos dias de hoje, temos das tecnologias inteligentes. “A sociedade, hoje, praticamente consome aquilo que os algoritmos de empresas como Google e Netflix indicam”, afirma.

O palestrante destacou ainda a influência das do fenômeno em questão no trabalho de serviços secretos, como a NSA, CIA, FVEY, entre outros. A tendência, de acordo com as previsões de Nagib, é de sermos cada vez mais vigiados.

Outra grande consequência da evolução deste ramo da ciência seria diminuição de empregos – uma vez que máquinas e sistemas tendem a substituir o trabalho humano em todos setores produtivos – e o surgimento de novas formas de trabalhar, com drástica redução da carga horária, por exemplo. “A inteligência artificial evolui muito rápido. Precisamos começar a refletir sobre essas mudanças na Medicina. Já está sendo vendida uma tecnologia com inteligência artificial para ser usada em diagnósticos”, apontou.

“Aí vocês pensam, será que vai precisar de médico para o futuro? Vai. Pelo menos enquanto não houver uma superinteligência – tecnologia com capacidade superior à dos humanos -. Mas não será serão necessários tantos médicos”, finaliza.