Fórum discute mudanças na avaliação da especialidade em Saúde Coletiva no Brasil

Publicado em Notícias - 27 de novembro de 2015

A Faculdade de Medicina da UFMG recebeu, nos dias 26 e 27 de novembro, o Fórum de Coordenadores de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que discutiu e avaliou a pós-graduação na área.

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O professor Maurício Barreto falou sobre o valor das publicações para avaliação da Pós-Graduação. Foto: Carol Morena

Segundo o professor convidado, Maurício Barreto, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Brasil forma 15 mil doutores por ano. Para ele, mesmo com esse número expressivo, é preciso repensar o sistema de avaliação da Pós-Graduação em Saúde Coletiva no país. “O papel do sistema hoje é ranquear instituições, quando deveria elaborar as bases do futuro da ciência”, destacou.

 O valor das pesquisas

Para avaliação da Medicina no ensino da pós-graduação, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), responsável pela análise, dividiu a Medicina em três áreas. Dessas, retirou-se a Saúde Coletiva, dando a ela uma nova divisão nos anos 90, o que contribuiu para o aumento da produção e publicação científica do tema. “Isso partiu da forma de avaliação, que considera o número de publicações nas revistas científicas”, afirmou Barreto. “Mas agora é o momento de avaliar os efeitos da produção científica na sociedade e nas políticas públicas, e nossa análise atual não contribui nesse âmbito”, destacou o professor.

De acordo com Barreto, as publicações viraram algo definidor da manutenção dos cursos, ou seja, quanto mais artigos publicados, melhor avaliada a pós-graduação é. “Nosso sistema é capitalista, e algumas instituições têm mais poder de publicação”, disse. Esse método coloca valor nas pesquisas e pesquisadores, além de reduzir as autonomias das universidades. “E isso leva a uma padronização exacerbada dos programas e métodos de ensino”, explicou.

Para o presidente da Abrasco, Gastão Wagner de Souza Campos, a avaliação ideal dos programas deveria acontecer por méritos. “Atualmente a Capes realiza uma centralização do que são bons resultados, que geram indicadores e metas a serem alcançadas”, comentou. Segundo ele, a distribuição de recursos governamentais aos programas parte desses indicadores, o que prejudica projetos menores ou mais novos.

Solidariedade por um bem coletivo

Outro assunto debatido nos encontros foi a competitividade entre os projetos brasileiros de Saúde Coletiva. “Esse aspecto mercadológico da pesquisa cria interesses particulares de cada universidade”, opinou a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade, Elza Machado de Melo.

Para Elza, que também é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG, é preciso buscar o benefício coletivo. “Com relações mais solidárias e cooperativas conseguiremos fortalecer o sistema de pós-graduação, as pesquisas e as universidades, para uma produção cada vez melhor”, acentuou.

Participação Institucional

Foto: Luiz Romaniello

Foto: Luiz Romaniello

Para a mesa de abertura do evento, estava presente o reitor da UFMG, Jaime Arturo Ramirez; o diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, Tarcizo Afonso Nunes; a diretora da Fundação Oswaldo Cruz Minas (Fiocruz Minas), Zélia Maria Profeta da Luz; o presidente da Abrasco, Gastão Wagner Souza Campos; o coordenador da Área de Saúde Coletiva na Capes, Guilherme Loureiro Werneck; a coordenadora do Fórum, Aylene Bousquat; a coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG, Sandhi Barreto; e a coordenadora do Programa de Saúde Coletiva da Fiocruz Minas, Josélia Firmo.

O Fórum

O Fórum de Coordenadores de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) é um evento semestral. O encontro visa debater assuntos relativos à formação de profissionais da área de saúde e promover o compartilhamento de experiências da Pós-Graduação da Saúde Coletiva no Brasil.