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Tracoma em pacientes com conjuntivite alérgica
Tipo:
Artigo
Referência:
BEZERRA, Haroldo de Lucena; SANTOS, Glauco Igor Viana dos . Tracoma em pacientes com conjuntivite alérgica. Arquivo Brasileiro de Oftalmologia. João Pessoa, v. 73, n. 3, p. 235-239, 2010.
Descritor(es):
Resumo:
Objetivos: Este trabalho teve o objetivo de identificar possível associação entre conjuntivite alérgica e infecção por Chlamydia trachomatis. Método: Realizamos um estudo prospectivo em 104 olhos de 52 pacientes com hipótese diagnóstica de conjuntivite alérgica primaveril e atópica. Os pacientes foram examinados no Núcleo Especializado em Oftalmologia de João Pessoa - NEO. Foi realizada em todos os 52 pacientes, a citologia conjuntival, uma vez que pode evidenciar a presença de eosinófilos e corpúsculos de inclusões no esfregaço do raspado conjuntival, como também a imunofluorescência direta por ser o exame de escolha para confirmação de infecção por Chlamydia trachomatis. Todos os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em pesquisa. Resultados: Dos 52 pacientes, 41 (78,8%) apresentou conjuntivite primaveril e 11 (21,2%) conjuntivite atópica. Quarenta e um (78,8%) eram do sexo masculino e 11 (21,2%) do feminino. As idades variaram de 3 a 19 anos, com uma média de 9,8 anos. Quanto à distribuição racial, 16 (30,8%) pacientes eram brancos, 14 (26,9%) eram negros e 22 (42,3%) eram pardos. Pacientes com doença alérgica sistêmica observou-se que 25 (48,1%) pacientes apresentaram asma brônquica, 20 (38,5%) rinite alérgica e 5 (9,6%) dermatite atópica. Os principais sintomas relatados pelos pacientes foram coriza (59,6%), prurido ocular (98,1%), ardor ou queimação (61,5%), lacrimejamento (65,3%) e fotofobia (61,5%). Os principais sinais clínicos foram: hiperemia ocular (100%), bilateralidade (100%), papilas no tarso (92,3%) e secreção mucosa (82,7%). A citologia do raspado conjuntival encontrou o eosinófilo em 86,5% dos casos. Apenas 7 pacientes não apresentaram eosinófilos no raspado conjuntival. Observamos que 3 pacientes (5,8%) apresentou imunofluorescência positiva para Chlamydia, evidenciando associação entre conjuntivite alérgica e tracoma. Conclusão: É importante determinar a existência simultânea de Chlamydia trachomatis com a conjuntivite alérgica, dada à possibilidade de alterar o prognóstico visual e os sintomas se potencializarem no caso de acometimento duplo. Desta forma faz-se necessário a realização da imunofluorescência direta para o devido diagnóstico em pacientes com conjuntivite alérgica.