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Defender os sãos e consolar os lázaros - lepra e isolamento no Brasil 1935/1976
Tipo:
Dissertação
Referência:
CURI, Luciano Marcos . Defender os sãos e consolar os lázaros - lepra e isolamento no Brasil 1935/1976. Uberlândia, 2002. Dissertação (mestrado). Universidade Federal de Uberlândia. Instituto de História .
Descritor(es):
Resumo:
A hanseníase, antiga lepra, sempre constituiu-se num grave problema de saúde pública mundial, situação que pouco se diferencia da atualidade. Introduzida no Brasil por europeus e africanos, junto com o bacilo aportou o estigma e a memória mítica da doença. Um dos males mais antigos a aflingir a humanidade; sobre ele encontra-se referências variadas nos mais diversos povos e regiões do Mundo. O período abordado na pesquisa, de 1935 a 1976, corresponde na história brasileira, em termos de saúde pública, àquele em que o Estado, pressionado por determinados segmentos sociais, edifica uma rede institucional exclusivamente delicada ao "combate a lepra" objetivando a erradicação desse mail no país. Essa rede institucional utilizava como medida profilática central o isolamento dos acometidos em estabelecimentos dispensários de leprar para figiar e controlar os demais familiares, amigos, parentes e outros que haviam convivido com aquele que estava sendo internado. A vida de todos ficaria marcada e estigmatizada. Filhos "órfãos", pai ou mãe na viuvez, com dificuldades no trabalho e no convívio social, e o ente infctado trancafiado em nome da preservação dos "sãos". Todos privados do ambiente familiar. Preventório, dispensários e asilos-colônias eral, respectivamente, seus destinos. Arsenal profilático que deveria ter acabado com a lepra no Brasil. A pesquisa procurou contextualizar este conjunto de práticas discursivas e não-discursivas que fundamentaram o isolamento dos leprosos no país e demonstrar o imbricado entrelaçamento entre filantropia, medicina e o Estado nas atividades relacionadas com a lepra no Brasil do século XX. No entanto, a hanseníase, como é hoje denominada no BRasil a doença provocada pelo Mycobacterium leprae, permanece um desafio. Nem o isolamento nem a moderna quimioterapia conseguiram debelar a endemia. Procurou-se, ainda que limitadamente, compreender os inúmeros acontecimetnos, mitos, memórias e tragédias que envolveram, e lamentavelmente ainda envolvem, os acometidos por esse mal no decorrer do período que vigorou o isolamento compulsório no país. Hoje uma doença, outrora uma categoria que combinava exclusão social, perigo infectante e indivíduos indesejáveis. Hoje hanseníase, ontem lepra.