NESCON MEDICINA UFMG Homepage NESCON
A AIDS no Estado de São Paulo. As mudanças no perfil da epidemia e perspectivas da vigilância epidemiológica
Tipo:
Artigo
Referência:
SANTOS, Naila Janilde Seabra et al. A AIDS no Estado de São Paulo. As mudanças no perfil da epidemia e perspectivas da vigilância epidemiológica. REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMIOLOGIA. São Paulo, v. 5, n. 2, p.286-310, 2002.
Outro(s) Autor(es):
Descritor(es):
Resumo:
O HIV, inicialmente vinculado a homens que fazem sexo com homens (HSH), particularmente nos paises industrializados e na America Latina, disseminou-se rapidamente entre os diversos segmentos, alcancando mulheres, homens com pratica heterossexual e criancas. A crescente desigualdade entre paises desenvolvidos e em desenvolvimento reflete-se, tanto na magnitude da propagacao do HIV, quanto na mortalidade por aids. Na medida em que se acentuam as diferencas de acesso ao tratamento, diminui a mortalidade por aids. Na medida em que se acenteuam as diferencas de acesso ao tratamento, dimimui a mortalidade por aids nos paises mais ricos e aumenta nos paises mais pobres, excecao feita ao Brasil, um dos poucos paises que adotaram a politica de distribuicao gratuita de anti-retrovirais. Aqui, a mortalidade vem apresentando queda acentuada a partir de 1996 e o uso de anti-retrovirais, entre outros, e um dos principais fatores associados a esta diminuicao. No presente artigo foram analisados os dados do Sistema de Vigilancia Epidemiologica de DST/aids do Estado de Sao Paulo, com o intuito de descrever o perfil da epidemiologia e discutir os termos juvenilizacao, pauperizacao, introduzidos no discurso sobre a epidemia, para acompanhar as mudancas de seu padrao epidemiologico. Ate 31/12/2001, no Estado de Sao Paulo, foram notificados 106.873 casos da doenca, o que representa cerca de 50% do totla de notificacoes do pais. Os maiores coeficientes de incidencia aparecem nos individuos de 30 a 39 anos, sendo que tanto o numero de casos como o de obitos mostra um ligeiro aumento nas idades mais avancadas, indicando um leve "envlehecimento" da epidemia. A aids aparece em todas as camadas sociais. Ao longo dos anos tem havido um aumento do numero de casos entre pessoas de menor escolaridade, com ocupacoes menos qualificadas. O crescimetno do numero de casos entre homens heterossexuais, junto ao marcante predomino desta forma de transmissao na populacao feminina, corrobora a hipotese de heterossexualizacao da epidemia. O atual sistema de vigilancia epidemiologia de aids e baseado principalemtne na notificacao de casos e tem sido utilizado como principal fonte de informacao para observacao das tendencias da epidemia e para o planejamento das atividades de prevencao e assistencia, assim como para divulgacao da doenca para a populacao em geral. Reflete uma situacao de varios anos apos a infeccao ter acontecido, e este intervalo de tempo tende a aumentar em virtude de diversos fatores, tais como a introducao dos anti-retrovirais, entre outros, levando ao aumento do tempo para os casos entrarem no sistema de informacao, fazendo com que as informacoes do sistema atual fiquem cada vez mais distantes da real magnitude da infeccao pelo HIV. Dessa forma, outras estrategias tem sido implementadas para se avaliar as tendencias da infeccao pelo HIV e para subsidiar novas atividades de prevencao e controle, tais como: a nitificao compulsoria de gestantes HIV positivas e criancas expostas ao HIV; notificaco dos portadores assintomaticos do HIV; aprimoramento da investigacao sobre asituacao de risco dos casos de HIV/aids e incorporacao do quesito cor/raca na notificacao de casos de aids para subsidar a definicao de grupos de risco acrescido e de maior vulnerabilidade; assim como os sistemas de vigiliancia de segunda geracao, que objetivam identificar as tendencias do comportamento e de prevalencia da infeccao.